A dor no punho perto do polegar e a dificuldade para segurar objetos levantam uma dúvida comum: De Quervain dá afastamento do trabalho e por quantos dias?
Isso preocupa ainda mais quem usa muito as mãos para trabalhar, como digitadores, cuidadores e profissionais da saúde ou da indústria.
O tempo de afastamento não é igual para todos. Depende da intensidade da dor, da mão dominante, do tipo de esforço exigido no trabalho, da resposta ao tratamento e, em alguns casos, do período de recuperação após cirurgia.
Entender esses fatores ajuda a reduzir o medo e a se planejar com mais segurança.
O que é a tenossinovite de De Quervain
A tenossinovite de De Quervain é uma inflamação dos tendões que passam na região do punho, próximos ao polegar.
Ela costuma aparecer em pessoas que fazem muitos movimentos repetitivos com as mãos, sustentam peso com o punho dobrado ou usam muito o celular, mouse e ferramentas manuais.
Alguns sintomas frequentes são:
- Dor na base do polegar, que pode irradiar para o antebraço;
- Inchaço ou sensibilidade ao tocar a região do punho;
- Dor ao segurar objetos, abrir potes, torcer panos ou escrever;
- Sensação de “travamento” ou dificuldade para mover o polegar.
Essa combinação de dor e limitação é o que faz muitas pessoas temerem perder a capacidade de trabalhar, especialmente quando a profissão exige movimentos manuais repetitivos ou força nas mãos.
De Quervain sempre dá direito a afastamento?
Não. Ter o diagnóstico de De Quervain não significa automaticamente que a pessoa será afastada do trabalho.
Em muitos casos, o médico orienta ajustes na rotina, uso de órtese (talinha), pausa mais frequente, medicação e fisioterapia, mantendo o paciente em atividade, principalmente quando o trabalho permite adaptações.
De forma geral:
- Casos leves: dor controlável, sem grande perda de força, costumam ser tratados sem afastamento, com orientações de proteção da região;
- Casos moderados: dor que atrapalha, mas ainda permite algumas tarefas, podem exigir redução de esforço ou afastamento curto, a depender da função;
- Casos graves: dor intensa, perda importante de força ou necessidade de cirurgia tendem a exigir afastamento por mais tempo.
Quem decide se há necessidade de afastar e por quanto tempo é sempre o médico assistente, avaliando não só o exame físico, mas também a realidade de trabalho de cada pessoa.
Em média, quantos dias de afastamento De Quervain pode gerar?
Os números variam bastante, mas, de forma geral, é possível ter uma noção aproximada de como o afastamento costuma ser indicado em alguns cenários.
- Crises leves, sem cirurgia: em alguns pacientes, o médico pode sugerir afastamento curto, em torno de 3 a 7 dias, para descanso da região e adaptação do tratamento;
- Quadros moderados: quando a dor é intensa e o trabalho exige muito esforço com as mãos, pode ser necessário afastar por cerca de 10 a 15 dias, enquanto a medicação, a órtese e a fisioterapia começam a fazer efeito;
- Pós-cirurgia: após um procedimento para De Quervain, o afastamento pode variar de 2 a 6 semanas, dependendo da técnica usada, do tipo de trabalho e da recuperação individual.
Esses valores são apenas exemplos frequentes na prática clínica, não são regras fixas. Cada atestado é individual, e o médico pode indicar período maior ou menor conforme a resposta do paciente e as limitações da função.
Fatores que influenciam o tempo de afastamento
Na consulta, o médico não olha só para a dor. Ele também considera o contexto de vida e trabalho do paciente para decidir se é possível continuar em atividade ou se é mais seguro afastar por alguns dias.
Alguns fatores que pesam nessa decisão são:
- Mão dominante: quando a doença afeta a mão que a pessoa mais usa, a limitação costuma ser maior;
- Tipo de trabalho: funções com esforço repetitivo, peso, uso contínuo de ferramentas ou digitação intensa podem exigir afastamento maior;
- Intensidade da dor: dor leve costuma permitir adaptações; dor intensa, que impede tarefas simples, aumenta a chance de afastamento;
- Resposta ao tratamento inicial: se o paciente melhora rápido com medicação, gelo e órtese, às vezes um atestado curto já é suficiente;
- Presença de outras doenças: problemas associados em punho, cotovelo ou coluna podem prolongar o tempo de recuperação.
Tratamentos que ajudam a reduzir o afastamento
Quanto mais cedo o tratamento é iniciado, maior a chance de controlar a dor sem afastamentos longos. O plano costuma combinar várias medidas simples e eficazes.
Entre as opções usadas com frequência estão:
- Descanso relativo da mão e do punho afetado;
- Uso de órtese para imobilizar parcialmente a região por um período;
- Aplicação de gelo em fases de dor mais intensa, conforme orientação;
- Medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos, quando indicados;
- Fisioterapia, com técnicas de mobilização, alongamentos e fortalecimento;
- Infiltração com corticoide em casos selecionados;
- Cirurgia, quando o tratamento conservador não resolve ou há limitação importante.
Quem busca um tratamento para tenossinovite de De Quervain bem planejado costuma ter mais chance de recuperar a função e evitar afastamentos repetidos ou muito longos.
De Quervain, INSS e direitos do trabalhador
Quando o afastamento é curto, o próprio empregador costuma lidar com os primeiros dias de atestado.
Em afastamentos mais prolongados, o trabalhador pode precisar passar por perícia, apresentar laudos e relatórios do médico assistente para avaliação do benefício.
Alguns pontos importantes:
- O laudo médico detalhado ajuda a mostrar como a dor limita o trabalho;
- É importante guardar exames, receitas, relatórios de fisioterapia e atestados anteriores;
- Cada caso é avaliado individualmente, e a presença da doença no laudo não garante, sozinha, o benefício;
- Orientações legais específicas devem ser discutidas com o médico, o RH da empresa ou um profissional da área jurídica.
A melhor atitude é manter diálogo aberto com o médico e com o empregador, explicando as limitações e mostrando disposição para seguir o tratamento e as orientações de segurança no trabalho.
Dicas para quem está com dor e teme perder o emprego
Conviver com dor no punho e medo de afastamento não é fácil. Algumas atitudes podem ajudar durante o tratamento:
- Procurar atendimento médico cedo, sem esperar a dor ficar insuportável;
- Seguir a orientação sobre uso de órtese, medicação e fisioterapia;
- Avisar o gestor ou o setor de RH sobre as limitações, com calma e clareza;
- Evitar automedicação e improvisos que podem piorar a inflamação;
- Perguntar ao médico se existe possibilidade de adaptação de função temporária;
- Anotar a evolução da dor e das atividades que mais incomodam, para relatar na consulta.
Quando procurar um especialista em mão
Se a dor no punho persiste por semanas, piora com movimentos simples, volta sempre que você retoma o trabalho ou já está causando medo de perder o emprego, vale buscar um ortopedista especialista em mão.
Esse profissional consegue avaliar o grau da lesão, indicar o melhor tratamento e orientar, com mais segurança, sobre a necessidade de afastamento e o tempo aproximado para recuperação.
Cada caso é único, e um acompanhamento próximo é a melhor forma de proteger tanto a sua saúde quanto a sua vida profissional.
